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ENTREVISTA PIRANOT: "A FUMEP SERÁ LOCOMOTIVA DA RETOMADA DE PIRACICABA", DIZ LUIS CHORILLI NETO

Foto: Andrey Moral/PIRANOT
Foto: Andrey Moral/PIRANOT

Luis Chorilli Neto é engenheiro civil formado pela tradicional Escola de Engenharia de Piracicaba (EEP) em 2004. Desde o início da carreira, envolveu-se ativamente em entidades de classe da engenharia. Foi coordenador de comissão orçamentária e ocupou cargos de liderança no CREA-SP - incluindo o de diretor administrativo e, mais recentemente, o de vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo.


Também é diretor-executivo da FUMEP (Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba). A fundação é mantenedora de importantes instituições educacionais da cidade, como: EEP (ensino superior de engenharia), Colégio COTIP (ensino médio e técnico) e CEPP (Centro de Educação Profissional de Piracicaba).


Em entrevista ao PIRANOT, Luis falou sobre a carreira, planos futuros e a importância da profissão. Leia a entrevista:


  1. Seu nome homenageia diretamente o seu avô, Luis Chorilli, e sua família também tem o legado do Professor Mário Chorilli na área da educação. Como é pra você carregar essa história familiar e representar essa linhagem tão ligada a Piracicaba?


    Para mim, é um grande orgulho carregar esse legado. Meu avô, Luis Chorilli, foi uma personalidade marcante, que contribuiu muito para o desenvolvimento de Piracicaba. E o professor Mário Chorilli, irmão do meu avô, deixou uma importante contribuição na área da educação. Existe, inclusive, uma escola municipal que leva seu nome em homenagem ao trabalho que ele realizou. Ao andar pelos corredores das escolas, a gente sente o peso dessa história e o quanto a educação era levada a sério naquela época - algo que infelizmente, em muitos aspectos se perdeu hoje. Representar essa linhagem é, para mim, uma responsabilidade e uma honra.


  2. O que te levou a escolher a engenharia civil? Houve alguma influência familiar, ou foi uma escolha por identificação própria?


    Eu já tinha um contato bem próximo com a engenharia por causa do meu pai, que é engenheiro civil. Desde pequeno, eu o acompanhava no trabalho, ajudava em algumas atividades e fui, aos poucos, me envolvendo com a área. Isso acabou fazendo parte da minha vida de forma natural. Com o tempo, fui me identificando cada vez mais com a engenharia - não só pela influência do meu pai, mas também por gostar muito da área. Me encanta essa coisa da criação, da construção das cidades, de pensar o mundo em estrutura e funcionalidade. Então, foi uma junção das duas coisas: inspiração familiar e uma identificação pessoal muito forte.


  3. Quais foram as principais conquistas durante seus dois mandatos à frente da AEAP? Como a entidade se fortaleceu sob sua gestão?


    Costumo dizer que as conquistas não são individuais, mas fruto do trabalho de um grupo comprometido. Quando assumimos a gestão da entidade, enfrentamos desafios significativos, especialmente nas áreas financeiras e estrutural. A partir disso, desenvolvemos um projeto inovador, que vem transformando a AEAP. Um dos grandes resultados desse trabalho é a entrega da segunda fase do nosso espaço de coworking, que será inaugurado no dia 11 de julho. O espaço contará com 78 posições de trabalho, estúdio de podcast de alta tecnologia e um auditório repaginado com 70 lugares e estará disponível também para locação, gerando novas oportunidades e fortalecimento ainda mais a entidade.


  4. Como foi sua trajetória até se tornar vice-presidente do CREA-SP? O que você aprendeu ao atuar em um dos maiores conselhos de classe da América Latina?


    Assim que concluí minha graduação, iniciei minha carreira atuando na administração de obras - desde residenciais até incorporações, edifícios, obras industriais e comerciais. Tive a felicidade de contar com a amizade e incentivo de um grande parceiro, Vinícius Marchese, quem me fez o convite para começar a participar mais ativamente do sistema profissional CONFEA/CREA/MUTUA. Minha trajetória começou por volta de 2006, quando entrei no programa CREA Jovem, que abriu portas para desenvolvermos projetos inovadores, sempre alinhados aos ideais que o Vinícius defende e que também compartilho. É muito gratificante olhar para trás e perceber que parte desse trabalho deu frutos e continua em evolução. Ao longo desse caminho, atuei em diversas funções. Fui presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Piracicaba, que tem uma conexão muito forte com o sistema, e sou muito grato ao CREA-SP por todo o apoio dado a entidade, um parceria fundamental para os avanços que conquistamos. Posteriormente, atuei como conselheiro do CREA-SP por dois mandatos, depois assumi o cargo de diretor administrativo e, no ano passado, tive a honra de chegar à vice-presidência, na gestão da presidente Lígia Mackey, a quem tenho enorme respeito e admiração. Ela vem dando continuidade ao excelente trabalho iniciado pelo próprio Vinícius, sempre com muita competência e comprometimento.


  5. Como você planeja reposicionar a FUMEP e suas instituições mantidas (EEP/COTIP/CEPP) no mercado educacional? Quais serão as prioridades até 2028?


    Sem dúvida, é um grande desafio. Estou há apenas 35 dias na instituição e, neste momento, meu foco tem sido ouvir - ouvir pessoas que fazem parte da FUMEP, seus colaboradores, professores e alunos, assim como ouvir o mercado, especialmente as indústrias, construtoras e demais setores que absorvem nossos profissionais. O objetivo é identificar os principais gaps que existem hoje entre a formação acadêmica e as reais demandas do mercado de trabalho, para que possamos oferecer uma educação mais alinhada, atualizada e relevante. Atualmente, estamos em fase de diagnóstico, entendendo a fundo o cenário interno e externo. A partir desse mapeamento, construiremos um planejamento robusto, que deve começar a ser colocado em prática já no segundo semestre. Enxergo muitas oportunidades de crescimento e inovação. Piracicaba e toda a região esperam e merecem uma retomada forte da FUMEP, e é exatamente isso que vamos buscar nos próximos anos.


  6. Com o crescimento de novas empresas e indústrias em Piracicaba, como a FUMEP pode colaborar com a formação de profissionais que atendam essas novas demandas?


    Esse, sem dúvida, é um dos pontos mais importantes que precisamos atacar. Nosso compromisso é adequar a formação dos nossos alunos, tornando a graduação cada vez mais alinhada às necessidades reais do mercado de trabalho. Por isso, temos promovido diálogos constantes com todos os atores envolvidos - desde entidades como SIMESPI até empresas, indústrias e outros órgãos representativos - para entender quais são as competências, habilidades e perfis profissionais que o mercado espera. Nosso objetivo é construir, em conjunto, soluções que preparem nossos alunos para serem profissionais prontos para atender às novas demandas que surgem, contribuindo diretamente para o desenvolvimento de Piracicaba e região.


  7. Como você enxerga o papel do HUB Piracicaba no desenvolvimento da cidade? Há planos para ampliar a participação de alunos e professores da EEP no ecossistema de inovação?

    O ecossistema de inovação é um caminho sem volta. É nele que surgem as trocas de ideias, as conexões e, muitas vezes, soluções que podem parecer simples no início, mas acabam se transformando em grandes inovações que impactam o mercado e a sociedade. Por isso, é fundamental que estejamos inseridos nesses ambientes, participando ativamente dos hubs, ouvindo, compartilhando experiências e cocriando soluções. Acredito muito no poder desse modelo colaborativo, que pode gerar cases de sucesso não só para Piracicaba, mas também para o estado e até para o país. Nosso objetivo é, sim, ampliar a participação dos alunos e professores da EEP dentro do ecossistema de inovação, aproximando cada vez mais a academia do mercado e dos desafios reais. Inclusive, nossa própria associação já vem se adaptando a essa nova realidade, justamente porque entendemos que o ensino precisa ser cada vez mais prático, técnico e conectado com as demandas atuais.


  8. Na sua visão, qual o papel da educação técnica e superior na transformação social e econômica de Piracicaba?


    A educação tem um papel fundamental na transformação de qualquer sociedade, seja no aspecto social, seja no econômico. Quanto mais a capacitação, maiores são as chances das pessoas se posicionarem melhor no mercado, conquistarem melhores salários e ampliarem suas oportunidades. Além disso, é importante lembrar que o mundo mudou. Hoje, a formação não se encerra na graduação. Vivemos uma era de capacitação contínua, em que é essencial estar sempre se atualizando, acompanhando as mudanças do mercado e buscando novas competências. Acredito firmemente que a educação é a principal ferramenta para gerar inclusão, desenvolvimento social e crescimento econômico. É por meio dela que conseguimos promover uma sociedade mais justa, preparada e competitiva.


  9. Você defende a valorização dos profissionais da engenharia. O que ainda falta para que a sociedade reconheça o protagonismo dessa área?


    O CREA-SP tem trabalhado muito para fortalecer essa valorização, especialmente se aproximando do poder público e atuando diretamente em situações como editais de prefeituras que, muitas vezes, não respeitam o piso salarial da engenharia. Estamos atentos a esses pontos e atuando para corrigir essas distorções, o que impacta diretamente na valorização da categoria. Além disso, reforço o que já comentei anteriormente: a capacitação contínua é fundamental. O mundo exige profissionais cada vez mais preparados, e o próprio CREA-SP tem investido em programas de qualificação para os engenheiros. O mercado tem vagas, mas, infelizmente, ainda faltam profissionais devidamente qualificados para ocupar essas posições. Por isso, acredito que a valorização da engenharia passa diretamente pela formação sólida, pelo desenvolvimento constante e pela atuação ética e responsável. Quando conseguimos alinhar esses fatores, o reconhecimento vem naturalmente, tanto pela sociedade quanto pelo mercado.


  10. Com sua visibilidade crescente, você acredita que pode contribuir com Piracicaba futuramente em outras esferas, como a política? Já foi sondado para isso?


    Piracicaba é a cidade que eu amo e pela qual sempre lutei. Não tenho, neste momento, nenhuma pretenção política, mas estou totalmente à disposição do município, da sociedade e de tudo o que puder contribuir para o desenvolvimento. Acredito que a própria comunidade, com o tempo, pode indicar qual caminho faz mais sentido para quem quer servir e ajudar. Fico muito honrado pela confiança que me foi depositada nesse novo projeto, especialmente pelo nosso prefeito Hélio Zanatta, que fez esse convite que, para mim, representa um verdadeiro retorno para casa. É uma grande alegria e, acima de tudo, uma enorme responsabilidade. O que posso garantir é que seguirei sempre trabalhando por Piracicaba, onde quer que eu esteja e na função que a cidade entender que eu possa colaborar.


  11. Que conselhos você daria aos jovens piracicabanos que desejam trilhar uma carreira sólida e de impacto, como a sua?


    Meu conselho é que acreditem no potencial da engenharia, que é uma carreira maravilhosa e essencial para o desenvolvimento da sociedade. A engenharia está presente em tudo. Para ilustrar, faço uma comparação simples: dentro de um hospital, por exemplo, há muito mais engenharia do que imaginamos. Os médicos estão constantemente se atualizando para utilizar tecnologias cada vez mais avançadas, mas são os engenheiros que desenvolvem, mantêm e garantem o funcionamento desses equipamentos que salvam vidas. Portanto, invistam na formação, estejam sempre dispostos a aprender e se aprimorar, porque o mundo está em constante transformação. Quem se dedica, se qualifica e trabalha com ética e responsabilidade, certamente contrói uma carreira de impacto e gera transformação para a sociedade.


  12. Como pretende aproximar a FUMEP da sociedade e de outros setores estratégicos da cidade?


    A nossa proposta é que a FUMEP esteja cada vez mais próxima de todas as instituições, do poder público e da sociedade como um todo. Estamos à disposição para desenvolver treinamentos, oferecer capacitação e criar parcerias que realmente façam a diferença. Temos uma relação muito próxima com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, por meio da secretária Thaís Fornícula, que tem sido uma grande parceira, assim como com o secretário José Luis Ribeiro, da Secretaria de Emprego e Renda, que também vem nos apoiando na construção de ações voltadas à qualificação profissional. Nosso objetivo é fortalecer o relacionamento com o setor público, com as empresas, com as indústrias e também com as escolas de ensino fundamental e médio, levando informação sobre a importância da FUMEP, da nossa história e do papel que ela tem na formação de profissionais que hoje estão muito bem colocados no mercado, não só em Piracicaba, mas no Brasil e no exterior. Queremos que a comunidade volte a se conectar com a FUMEP, que conheça nosso campus, nossos cursos e nossas possibilidades. As portas estão abertas para dialogar, pensar soluções conjuntas, discutir novos projetos e, claro, tomar um café para construir, juntos, o futuro da nossa cidade.


  13. Qual mensagem você gostaria de deixar a população sobre o papel da FUMEP e da engenharia no desenvolvimento de Piracicaba nos próximos anos?

    A FUMEP tem um papel fundamental no desenvolvimento de Piracicaba, porque é daqui que saem profissionais preparados para contribuir com o crescimento da cidade em diversas áreas. Convido a toda a população a conhecer mais sobre a nossa história, a visitar nosso campus - que é muito bem estruturado, acolhedor e localizado em uma região estratégica da cidade. Nosso desejo é que a FUMEP retorne seu protagonismo, com mais alunos, mais conexão com a sociedade e com o mercado, fortalecendo esse legado de transformação que impacta não só Piracicaba, mas toda a região.



Entrevista concedida para Andrey Moral do Jornal PIRANOT Para acessar a entrevista no site do jornal PIRANOT <CLIQUE AQUI>

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